Com a riqueza da história do
país,existem muitas outras opções para quem se dispõe a pesquisar mais e
se aventurar pelo interior brasileiro.
Um grande crescimento nos últimos anos, a região das Missões,
no Rio Grande do Sul, atrai cada vez mais turistas por conta da
possibilidade de conhecer as ruínas do local. O reduto religioso, que
contava com muitas vilas e igrejas no passado, recebeu o nome justamente
por causa das missões jesuítas que foram estabelecidas por lá para
catequizar os índios guaranis. Posteriormente, acabaram destruídas ou
abandonadas após guerras e conquistas – ou deram origem a cidades
atuais.
No lado brasileiro foram construídas sete reduções, que ficaram conhecidas como Sete Povos das Missões:
São Francisco de Borja (atual São Borja), São Luiz Gonzaga, São
Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e
Santo Ângelo Custódio (atual Santo Ângelo).
E são mesmo as ruínas jesuítas o
pincipal atrativo do chamado Caminho das Missões. A rota ainda é pouco
explorada, mas pode ser a opção ideal para quem deseja misturar história
e cultura brasileiras com uma viagem de carro e fugir do circuito
gaúcho tradicional de Porto Alegre e Serra. Alguns grupos organizam
caminhadas (ou vão de bicicleta) pela região, seguindo a ordem dos
antigos caminhos missioneiros. Tudo pode ser conhecido em pouco tempo,
entre três e cinco dias, já que as pequenas cidades ficam próximas umas
das outras. Confira o roteiro:
Santo Ângelo
A maior cidade da rota é Santo Ângelo – e
costuma ser o ponto de partida ou de chegada para muita gente, sendo
chamada de ‘capital’ das Missões. Com pouco menos de 80 mil habitantes, é
conhecida pelas belezas naturais e arquitetônicas, e se encontra a
menos de 450 km de Porto Alegre, que costumam ser percorridos em menos
de 6 horas de carro.
O maior destaque da cidade vai para a Catedral Angelopolitana.
Construída entre 1929 e 1971 com estilo neoclássico, ela foi projetada
para lembrar o templo de São Miguel Arcanjo – que é a principal ruína do
Caminho das Missões. Dentro dela encontra-se uma estátua original
missioneira em madeira representando o Cristo morto datada de 1740.
Todo o centro histórico do município
também vale a visita, com o Memorial Coluna Prestes, a praça Pinheiro
Machado e o Museu Municipal Dr José Olavo Machado. Os arredores de Santo
Ângelo ainda apresentam muitas atrações naturais, como o Balneário
Porto Cristal, rios e cachoeiras.
São Miguel das Missões
Tombada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco,
a cidade tem apenas cerca de 8 mil habitantes e abriga o principal
ponto turístico do Roteiro das Missões, localizado dentro do Sítio
Arqueológico de São Miguel Arcanjo, a ruína da Igreja de São Miguel Arcanjo – que também é a melhor preservada e foi inaugurada em 1745.
Os turistas visitam o local para
mergulhar na vida do vilarejo séculos atrás, construído ao redor da
Igreja, com a indicação de onde ficavam a praça, a escola e o cemitério
na época da antiga missão jesuíta. No sítio há esculturas representando o
São Miguel, os padres jesuítas e o cacique Sepé Tiarajú, além de outras
obras sacras belíssimas e centenárias. O sino original da igreja também
está em exposição, mostrando toda a grandiosidade do local na época
colonial.
A cidade ainda tem como atrativo o Museu
Lúcio Costa, também conhecido como Museu das Missões. Tombado como
Patrimônio Nacional, foi idealizado pelo famoso arquiteto que deu nome a
ele, e abriga diversas estátuas e imagens missioneiras do século 18,
que antes ficavam espalhadas pelas Missões – com o maior acervo de
preservação da região.
São Miguel das Missões fica a menos de uma hora de carro de Santo Ângelo, em um percurso de aproximadamente 60 km.
São Borja
A outra ponta do roteiro é a cidade de
São Borja (antiga São Francisco de Borja), conhecida por ser o local da
1ª Redução Jesuítica dos Sete Povos das Missões, próxima ao rio Uruguai e
à fronteira com a Argentina.
Fundada pelos padres jesuítas em 1682,
foi o primeiro vilarejo da região, o mais antigo do Rio Grande do Sul e
um dos mais antigos do Brasil. Atualmente conta com 63 mil habitantes e
fica a 190 km – pouco mais de duas horas de carro – de Santo Ângelo.
O município também possui fama nacional
por ser terra natal dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart –
ambos possuem museus dedicados à sua memória no centro de São Borja. O
Museu Municipal Aparício Silva Rillo, conhecido como Museu Missioneiro,
é outro ponto turístico de interesse da rota por abrigar estátuas do
período reducional e ter o segundo maior acervo sobre o assunto, atrás
apenas do Museu das Missões, em São Miguel.
Outras cidades da Região das Missões
O Roteiro das Missões inclui um total de 28 municípios gaúchos. Além dos já citados, ainda fazem parte:
- Entre-Ijuís: possui o Sítio Arqueológico de São João Batista, onde ficava a missão de mesmo nome no passado;
- São Luiz Gonzaga: foi originada a partir da redução jesuíta homônima e também abriga as ruínas da missão de São Lourenço Mártir, bem menos preservadas que a de São Miguel;
- São Nicolau: abriga as ruínas da antiga Redução de São Nicolau, uma das sete originais;
- Guarani das Missões: conhecida como Capital Polonesa dos Gaúchos pela forte influência da cultura do país do leste europeu;
- Catuípe: abriga o Santuário do Caaró;
- São Pedro do Butiá: suas ruínas praticamente desapareceram. É uma cidade com forte colonização alemã;
- Roque Gonzáles: famosa pela beleza natural do Cerro do Inhacurutum.
Completam o Caminho das Missões as
cidades de Santo Antônio das Missões, Salvador das Missões, São Paulo
das Missões, Bossoroca, Caibaté, Cerro Largo, Dezesseis de Novembro,
Eugênio de Castro, Garruchos, Giruá, Ijuí, Mato Queimado, Pirapó, Porto
Xavier, Rolador, Sete de Setembro, Ubiretama e Vitória das Missões.
Outras 18 cidades ainda são classificadas como parte da região, mas em
outra rota, a do rio Uruguai.
Por ter uma área relativamente pequena e
de fácil acesso, o passeio todo pode ser feito em pouco tempo,
preferencialmente de carro, pois horários de ônibus entre as cidades
podem fazer o turista perder muito tempo.
O Roteiro das Missões é ainda pouco
badalado e tornou-se uma excelente opção para quem deseja conhecer
melhor a cultura do Rio Grande do Sul do interior, com um pouco mais de
sossego. Isto tudo, sem falar do mergulho ao passado brasileiro daquela
região.
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